Olavo ficou desconcertado. Poucas vezes se viram para exigir que os olhos se cumprimentassem, mas achava que os poemas trocados já eram o bastante para que as expectativas de acertos não-verbais fossem alcançadas. Olavo estava assustado, suspenso entre a conversa entorpe da namorada barulhenta com as amigas e o olhar gentil da moça que lhe contava fatos em rimas. Olavo não conseguia, o cheiro dela o alucinara mais do que qualquer droga. Lhe faltou o ar quando viu à mostra uma renda do sutiã escapando pela blusa. Não teve para onde olhar, é moço sério, decidido quanto aos sentimentos, vai casar no início do próximo outono e a namorada usará um buquê de flores secas. Não teve para onde olhar. Julgou-se. Apertou os dentes. Sorriu nervoso. Dois beijos de bochecha. Um “adeusinho” com os dedos dançando na mão. A moça saiu do bar e logo a namorada enganchou-se no pescoço dele e contou o que fariam no próxima final de semana.

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