Querido Diário

Oito horas os passarinhos começaram a cantar. Acordei. Barulhos de chuva, de muita chuva. Ah, não vou à aula hoje. Virei o travesseiro, puxei o cobertor e só então me dei conta que já não é opcional ir ou não ir. Quem sabe mais dez minutinhos então. Durmo mais dez minutos e não seco os cabelos, afinal, com essa chuva de pouco adiantam as escovas e cerinhas. Mas com que roupa eu vou? Preciso de umas calças novas, quero umas verdes com milhares de bolsos. Hoje bem dava pra sair de saia, com essa chuva e esse calor a cidade deve estar insuportável. Tomara que não tenha vento. Ai, merda, tinha que sair mais cedo pra dar tempo de passar no salão e marcar hora. Azar, me atraso uns minutos, depois recupero no feriado. Isso, vou trabalhar no feriado porque quero adiantar umas coisas, tenho me sentido meio lerda. Ah, eu sempre fico com sono, nem levantei e já sei que vou estar com sono pelas quatro da tarde. Já cantaram os passarinhos de novo, levantar, banho, o que vestir, o que vestir. Hoje tem cineclube e depois tem Macondo, no cineclube faz frio, no Macondo, muito calor. Queria comer um pão quentinho. Sem chances, já são oito e quarenta e cinco. Sair de casa com a sombrinha globalizada e encarar um ônibus suado. Marcar salão. Agência. Manhã de catálogo e marcas. Tanto livros bonitos tem aqui. Mais uma vez pensei que gosto taaanto de design gráfico. A Lú veio na agência e tomou água. Aí veio o Bobby e disse que meus vídeos são lindos. Meio-dia. Pintar os cabelos da cor natural. Estranha a sensação das conversas de um salão. Parece que as mulheres se reúnem pra falar de sexo e que se você não fala todas te olham com piedade. Pintei, ninguém notou, nem eu. Beijo na mãe. Pagar contas. Comprar um perfume? Ah. Amanhã. Vitrines. Chuvinha. Chocolate. Agência. Quase quatro da tarde e, como o previsto: sono. Depois Cineclube. Preciso de uma caneta boa e de uma lapiseira. O filme mais lindo deste ciclo. Miau. Exposição. Macondo. Dormir até que os passarinhos me acordem.