portas fechadas

E assim está Donde Clodo. Fechado. Para sempre. O Clodo foi uma dos lugares mais fantásticos em que já morei e agora ele foi fechado porque foi assaltado duas vezes e não tinha permissão para ser albergue. É triste pensar que o lugar onde você se divertiu tanto esteja fechado. Era tudo tão branco e verde e colorido... O meu quarto que era todo de janelas e persianas artesanais... O levantar 3 horas da tarde e comer pães com geléia de morango... O dormir 6 horas da manhã depois de horas em festa com qualquer um. Qualquer um fazia festa com a gente. Qualquer um te abraçava apertado e demorado porque também estava só. No Clodo eu fiz amigos desses que são para sempre, desses sinceros, desses que não precisam falar nada e se entendem. O Clodo tinha magia até naqueles banheiros sempre estragados.
No Clodo a gente punha os colchões todos pelo chão da sala e via filmes no domingo à noite e comia jujubas de cereja e cereais matinais... No Clodo a gente tomava banho de chuva e colocava as canecas amarelas pra aparar as goteiras. No Clodo a gente era uma família feliz com personagens do mundo inteiro. No Clodo a gente até tentava estudar, mas nunca conseguia, as pessoas eram interessantes demais pra que a gente perdesse tempo com teorias contemporâneas de comunicação... No Clodo a gente chorava e ganhava colo. No Clodo a gente se unia e ia no supermercado de pijama. No Clodo a gente fazia stencial e saia pichando sonhos. No Clodo a gente plantava flores e pintava o Fede. No Clodo a gente assustava a Trombetta com as cucarachas e morria de rir da risada do Rapha. No Clodo a Suzuki dormia em cima de mim e a Yoana corrigia o meu español. No Clodo a Lilly me mimava e eu pagava o Lavadero do Alvaro. No Clodo o Alvaro sempre me pagava em sexo (es broma). No Clodo o Gonza deitava e mirava la tele, a Paola maquillava, o Diego dançava tango e fazia comidas saudáveis. No Clodo o Ricardo foi o meu amigo master, a Yoli me fazia bem e o flashero prometia que viria para santa maria. No Clodo a Gaella miava e patinava comigo. No Clodo o Bolacha me visitava sempre. No Clodo eu e a Luara dormimos olhando estrelhas. No Clodo eu passei o último Natal. No Clodo eu vivi a minha curva. No Clodo eu queria estar hoje.

Comentários

Gustavo Clark disse…
Você fica triste por não mais poder ir lá, acho que fico triste por nunca ter ido...

Sei que esse é um sentimento expresso daquelas que dá a sensação de que você nunca vai conseguir colocar no papel... Mas você honrou o lugar de forma bela.
Anônimo disse…
Chucha la wea!!!! será cierto o es todo una confusión?.
Y yo que quería una junta más con un contrabando de pisco que llevaría de Chile.
Saludos a mis amigos, pero en esta ocasión abrazaos y besos especiales a Carla.

Ricardo "Ricky"
Chile.
Diego Nunes disse…
Carlaaaa!!
To quase chorando aqui! Ainda mais depois de ler aquele seu email tragico, q quase me matou do coração...
Mas sabia q não podia ser verdade. O Clodo não podia morrer assim... Mas de qualquer jeito, o Clodo não vai morrer nunca pra mim e pra todos que um dia lá moraram, passaram um fim de semana ou mesmo só tomaram um vinito...
Ah... como sinto falta daquele lugar e de todos q conheci lá...
Muitos beijos!!!