Querido Diário IV

Hoje é sábado e acordei mais cedo por causa de uma filantropia. Ok. Levantei e senti a cabeça fazendo um "vapt" daqueles que ou você senta, ou você chama o Hugo, ou você insiste em caminhar e pode cair. Enfim, como lembrei que cheguei um pouco tarde e mamãe estava me esperando na porta, quase indo comprar o pão, lembrei que a minha carona fez um barulhão com o carro, lembrei que a gente gritava avisando o pobre condutor sobre postes e quebra-molas, optei por caminhar até a cozinha e dar um bom-dia querido. Meio torpe, mas foi. Caguei tudo quando disse: "Hola Madrecita", foi aí que lembrei que de três da manhã em diante solamente hablamos el castellano, com tipos estranhos que não entendi de onde eram, mas lembro que foram embora com a última banda, Renascentes. Fora tudo isso, eu e a Luara decidimos ter uma banda de duas vocalistas e duas violonistas. Antes, porém, cada uma terá que gravar faixas solo. Vai ser bonita. Inclusive subimos no palco para ver medidas e disposição para os shows... Ela vai ficar no meio, acho que cabelos compridos podem ser importantes em uma banda de meninas. Depois de ter sido cantada no banheiro feminino, o Maurício disse que tenho cabelo de emo-lésbica e é por isso que a proporção de meninas bonitas que me dão atenção é grande. Fiquei pensando, eu sempre penso nisso. Ah, mas ele bem ficou com ciúme e tentou um penteado emo. Uhum. E eu não vou mudar o cabelo de novo. Outra coisa interessante é que a gente saiu da festa e deu uma volta na quadra, meus amigos entenderam que eu queria ir para outra festa, iam me levar e deixar lá, sozinha. Tudo bem, tudo bom, eu até iria caso a festinha na casa das paredes verdes estivesse ruim, mas não estava. Então voltamos e fizemos caras de chapados. No final eu ganhei um beijo na testa afogado de cerveja, o estranho segurou a minha cabeça daquele jeito que as mãos cobrem toda ela, pegando pelas orelhas e disse: onde tu estiver, abre a janela e grita alemóóóóón que eu apareço. Achei engraçado, pensei que um dia eu vou gritar, de uma janela bem, bem distante. Também falei pelo celular. Ele disse que queria vir e perguntou se eu esperava 24 horas. Eu disse que esperava o tempo que fosse preciso. Vale a pena, afinal, não são todas as pessoas do mundo que comem papel e querem provar carbono. Isso faz bem, não o papel, mas as trocas ébrias. Bonitinhos. Dei uma de tiete, fiquei impressionadíssima com a habilidade do tecladista e isso me levou a parar bem do lado dele e ficar olhando para as mãos que ele alternava entre o teclado e a bateria. Acho que fiquei tempo demais, pedi pro Maurício gravar aquilo tudo, bem bonito. Só que, por isso, o tecladita listrado pensou que eu era uma groupie. Que coisa, ruborizei. O show da Crema foi muito bacana, eles tocaram Franz Ferdinand e eu estranhei todo o pessoal, menos o Márcio. Outra coisa bacana foi que eu atravessei a muldidão pra levar cerveja pros guris, no palco. O detalhe é que eles não tinham espaços livres entre os dedos para aceitar uma cerveja. Mas aceitaram. Outra coisa bacana, muito bacana, foi ter tocado Los Hermanos no final "e alguma coisa a gente tem que amar, mas o que quê eu não sei mais..."

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arrebentou a tirinha da minha sapatilha branca de enfermeira e tenho uns micro desenhos de caneta bic na barriga, Diabos, não tenho idéia de onde foi que eles surgiram, não levantei a blusa em momento algum, hehehe.

Comentários

Luara Mayer disse…
realmente, ele não precisava ter acelerado profundamente quando a tua mãe abriu a porta.

eu até reclamei
mas esqueci depois que passamos reto pelo quebra-mola de novo

ahahahaha

:)
Gostei do teu texto. Bah, acabo de voltar uma roubada montro em Gramado. Vou contar no meu blog, depois dá uma lida!!!
Beijos.
Vica disse…
Que porrão, hein??
Laura disse…
imagino tu,
de cabelo preso
sem óculos
no parapeito de uma janela azul
bêbê
de madeira
em uma casa de alvenaria
gritando
alemooooooon.


rs