Planilha de Finanças

Quando voltei a morar na casa dos meus pais decidi uma coisa: economizar. Para quê? Bem, uma série de coisas, mas a principal delas: ir de novo embora da casa dos meus pais. Não é que eu não goste de morar na, enfim, casa dos meus pais, o que acontece é que depois que tu tens um ano de vida livre é difícil readaptar-se às regras domésticas de um casal de pais mimosos que gostam de ver o Sílvio Santos na TV. Não estou reclamando, adoro essa coisa de fada dos lençóis limpos e roupas cheirosas, comidinhas no domingo e colo quando o trabalho pesa, amo os velhinhos que me amam e é tudo uma grande bola de amor nessa família-pobre-porém-feliz. Mas o que eu queria dizer é que hoje cheguei da agência com a minha pilha de dinheiros do salário versão 2/2008 e vi o pai sentado na mesa com a pilha de contas e cheques e dinheiros. Logo de cara disse: ei, precisa de algum? Acho injusto usufruir de tudo (água, luz, internet, cama, limpadeira, almoços e remédios) e não colaborar com nada. Eu posso, já. Mas ele disse: não, não, guarda pro teu mestrado. Eu estou guardando? Pois sim, porém, muito menos do que eu planejava. Onde gasto? Puff. Não tenho a menor idéia! Naquele sapato bonito que usei uma vez, naquele cachecól vermelho com bege, no perfume+óleo, no maconco, no macondo, nos taxis. Não faço nenhum investimento em qualquer bem durável. Tenho um consórcio de um carrinho, mas é o pai quem paga. A Unimed? A mãe paga. Os almoços?! O pai dá dez pila todos os dias. Me sinto uma usurpadora. O que eu pago? Além das roupas, acessórios tecnológicos, viagens, festas e jantares? Nada. Ah, pago também o Mannu, que corta e pinta os meus cabelos. Pago as assinaturas da Bravo! e da Piauí (que chegaram hoje e estão com as capas lin-das, e nem abri) e a fatura do cartão de crédito (que não passa de 150 dinheiros/mês). É, fiz essas reflexões e saí em busca de um organizador de finanças. Os dez pila diários do pai vão entrar numa caixinha anual e pretendem ser um presentão bacana pra ele e pra mãe no final do ano. Pagarei, ao menos, meus almoços e a internet desta casa.

Tenho dito aqui pra não esquecer nunca. Parece que hoje eu cresci. Quando eu tiver o meu primeiro milhão volto a falar neste assunto.

=)

Comentários

Gustavo Clark disse…
confesso que nessa rotina de dois trabalhos para ajudar em casa me vejo um pouco perdido na coisa de guardar dinheiro.

As vezes me sinto na obrigação de ser um pouco gastão porque, queopariu, eu trabalhei um bocado pra poder me dar ao luxo.

Mas também estou em busca do primeiro milhão... Então avareza, aí vou eu.
Anônimo disse…
É... eu saí da casa do papai e voltei porque fui completamente ao fundo do poço financeiramente falando. Hoje, tendo um apartamento e dois gatos glutões pra sustentar, controlo as minhas contas de forma quase obsessiva, e mesmo assim me perco um pouco, e mesmo assim no fim do mês não sobra, e mesmo assim não guardo nada.

A gente deveria aprender economia doméstica na escola. É bilhares de vezes mais importante do que química.

:*