os gritos
o que acontece é que nunca havia levantado a voz e sentido meu coração disparar, querer chorar, querer agredir, ter pena. o que a gente faz com alguém que não entende o mais simples de uma questão óbvia? a gente conversa. a gente dialoga. né? escrevi uns dezoito e-mails pra alguem que nem fala a minha língua, todos polidíssimos, pedindo um pouco de respeito. nunca enviei. tive pena. o problema dele vai além do real. desconheço o passado. e me sinto mal por estar pouco me importanto. dar de ombros. virar as costas. ir embora. mas o que eu queria dizer hoje enquanto ele gritava algumas coisas desconexas no español mais inintendível que alguém já me proferiu eu não disse: VAI PROCURAR UM PSIQUIATRA. é isso. questão neurológica. maconha destrói células a longo prazo. paciência de gente com boa educação também. foda-se.
só mais um mês. foda-se. depois fui pro banheiro chorar e vomitar o chá.
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e o que acontece é que nunca havia discutido. uma vez me chamaram de vadia e eu só consegui dar risada porque não sou do tipo baixo-nível. já briguei com meus irmãos, acho que discuti vez ou outra com a mãe. de namorico se teve troca de farpas foi pra terminar, com meus amigos só discuto por ideologias, na escola e no trabalho defendendo opiniões. acho tão ridículo brigar pelo fogão sujo. nunca me haviam levantado a voz. eu, pelo menos, nunca havia contestado no mesmo tom. quero que tudo isso acabe de uma vez.
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"Para mim, atualmente, companheirismo e lealdade são meio sinônimos de felicidade. Meus amigos são muito fortes e muito profundos, são amigos de fé, para quem eu posso telefonar às cinco da manhã e dizer: olha, estou querendo me matar, o que eu faço? Eles me dão liberdade para isso, não tenho relações rápidas, quer dizer, tenho porque todo mundo tem, mas procuro sempre aprofundar. E isso é felicidade, você poder contar com os outros, se sentir cuidado, protegido. Dei esse exemplo meio barra pesada de me matar....esquece, posso ligar para ver o nascer do sol no Ibirapuera às cinco da manhã. Já fiz isso, inclusive". Caio Fernando Abreu.
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