10-08-1985
todos os meus pedaços aqui. e você não me conhece, eu não conheço você. te escrevo por absoluta necessidade, não conseguiria dormir se não te escrevesse. não há nenhum subtexto nisto que te escrevo. não acho bonito que a gente se disperse assim, só isso. encontre, desencontre e nada mais, nunca mais, é urbano demais. não sei se a gente pode continuar amigo. não sei se em algum momento cheguei a ver você como Outra Pessoa, ou, o tempo todo, como Uma Possibilidade de Resolver Minha Carência. estou tentando ser honesta e limpa. uma possibilidade que eu precisava devotar ou destruir. porque até hoje não consegui conquistar uma disciplina, essa macrobiótica dos sentimentos, essa frugalidade de emoções. fico tomada de paixão. há tempos não ficava. e toda essa peste, meu amigo.
vim pegar energia. eu podia dizer que tínhamos bebido demais. mas de tudo isso me ficaram coisas tão boas. uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim. estou te querendo muito bem neste minuto. tinha vontade que você estivesse aqui e eu pudesse te mostrar muitas coisas, grandes, pequenas, sem nenhuma importância, algumas.
fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz. você é muito lindo e eu tento te enviar minha melhor vibração de axé. mesmo que a gente se perca, não importa. que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. mas que seja bom o que vier, pra você e pra mim.
com cuidado, com carinho grande, te abraço forte e te beijo.
ps: te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. e amanhã tem sol.
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